Como qualquer outro jovem a atravessar a pacholice imberbe dos 17 anos, o Fernandinho Sapo anda submerso num insonso mar de dúvidas que o afundam levemente no atascadeiro penumbroso do futuro.
Do secundário ao ensino superior é o tempo que o diabo leva a esfregar um olho, e, a meio do caminho, o mancebo ainda não sabe muito bem qual o curso que melhor serve àquilo que quer ser quando for grande.
– Química é a minha perdição e por isso quero entrar numa universidade de referência – diz, numa convicção alucinada, a meio do diálogo que o detém em frente à Praça do Peixe.
– Devias então pensar no Técnico – ajeita o outro, mais velho e conhecedor, numa sábia recomendação.
– Não, eu quero mesmo é entrar numa universidade. O ensino técnico não me contenta.
– Mas o Instituto Superior Técnico é uma faculdade reputada, no país e na Europa. E se dizes que química é a tua perdição… – Voltam a remediar as palavras destras e vívidas do interlocutor.
– Exactamente – interrompe. – Com uma média de resultados nos testes que varia entre o zero e o um, química é a minha perdição. E, se estou perdido com a química, tenho que pensar muito bem no curso que vou tirar.