Em 1940, Getúlio Vargas, então Presidente da Répública do Brasil, afirmou «ser mais provável ver uma cobra a fumar que o Brasil entrar na Guerra». Quatro anos depois, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) desembarca em Nápoles, juntando-se às Forças Aliadas no combate às tropas de Hitler, apoiadas pelas Forças Armadas italianas.
Rapidamente, a FEB adapta a expressão a lema de combate. Uma cobra a fumar o cachimbo da guerra foi então adoptada como símbolo da FEB e bordada nas fardas desta força militar.
Nos dias em que se adivinhavam batalhas intensas, comentava-se entre os pelotões que compunham a FEB, «hoje a cobra vai fumar!», em alusão às metralhadores, apelidadas de «cobras», e à fumaça que delas emanava após rajadas ininterruptas de tiros.
Na fotografia, o soldado Francisco de Paula carrega nas mãos uma munição sorridente, onde se encontra redigida a expressão que popularizou a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.
Na década de oitenta, a época dourada dos serões portugueses preenchidos pelo exótico sotaque da ficção brasileira , a expressão vira ladaínha, graças à telenovela Sassaricando.
Arriscar-me-ia a dizer que «a cobra está fumando» é bastante mais conhecida devido à ficção do que pelos factos contidos na História, pelo menos para nós portugueses.
Eu próprio julguei que a expressão era um original da Rede Globo. Descobri a verdadeira génese, há dias atrás, enquanto lia qualquer coisa sobre Getúlio Vargas e sobre a evolução política do Brasil.
Com efeito, às vezes a realidade é bastante mais estranha, complexa e interessante, do que alguma ficção.