Archive for the ‘What else is new?’ Category

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Aguaceiro

18/11/2012

Chove lá fora.
Qualquer hora
É boa para o inverno acontecer.
Mesmo sendo outono agora,
Todos temos quatro estações para viver.
Todos trazemos o verão num sorriso
A derreter nos corações
O gelo das desilusões
Que fustigam a alma sem aviso,
Quando estamos em primaveras de beleza
Permanentemente a reverdecer.
E aí, regressamos à certeza
Que o tempo é uma ordem de grandeza
Que passa a chover.

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Sonhei

28/03/2012

O que a gente sonha… Nisso, ninguém me bate. Andava, há que tempos, com a beleza doce daquelas palavras guardada em segredo no túmulo frio da timidez e, sem mais para quê, foi durante o sono que me estalaram as costuras e desatei a estoirá-las pela boca fora como bombinhas de carnaval. Um sermão a valer que terminou no miraculoso gesto afetivo onde tinha que terminar. Assim, sim, bem nos valha sonhar. É na limpidez dos sonhos que cada qual dá a conhecer a si mesmo a barrela que é à luz da liberdade desprendida: diz-se o que vem à ideia, faz-se o que nos dá na bolha, transita-se para fora os desassossegos de dentro. Isto, sem medos nem preocupações. Mas, agora, acordei. Meto a viola ao saco e retomo o jejum da transigência desabrida. Engoli o palavreado onírico da madrugada, agarrei numa tranca e ponto final. A minha natureza humana é esta: sou uma girândola de emoções trancadas por fora, à espera de um “abre-te Sésamo!”, um santo-e-senha que me garanta o ingresso na breve eternidade da vida.

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Destino

06/03/2012

Noite funda:

Calou-se tudo.

O vento, mudo,

Desarruma a vastidão

Da casa inteira.

Estou só.

Um frio de redenção

Apaga a ira do vulcão

Aprisionado na lareira.

E o fogo, lento e triste,

Apenas insiste

Em arder até à chama derradeira.

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Superior Interesse da Nação

11/01/2011

Fotografia: Coimbra

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O cachaço não é só para fazer bifes

22/06/2010

Fotografia: ionline.

De há uma semana para cá, durante os jogos do mundial, o prato mais pedido nos restaurantes portugueses era o bife da vazia. Ontem mudaram-se as vontades na mudança de um tempo feito de 90 minutos de futebol:

– Olhe, « faxavor» é um bife do cachaço à Cassiano Reinaldo, bem passado como a Coreia do Norte, com guarnição e ketchup.

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Farinha do mesmo saco

11/06/2010

Fotografia: SIC Notícias

Foi ontem, ainda a noite não previa a madrugada, escarranchado na tarimba após uma ofegante jogatana coroada por uma goleada à Benfica, que me surgiu mais uma das imagens iluminadas do mundo nauseabundo da política. PS e PSD são dois partidos ocos, esvaziados de ideologia, sabujos da economia de casino e recreio dos seus maiores clientes, as elites burguesas e a finança. Esta é que é a verdadeira e cruel austeridade da nossa democracia.

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O olho do cu e a feira de Castro

20/01/2010

« Adeus oh feira de Castro

Nunca mais te vou esquecer

Levo a ponta do pau gasto

e as bordas do cu a arder»

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«Merdmática» record

10/01/2010

Imagem: Record online

Sendo o Campeonato Nacional e a Taça da Liga duas provas em que uma vitória vale 3 pontos e tendo Saviola marcado os tentos das vitórias encarnadas, por uma bola a zero, nos dois últimos jogos realizados para o campeonato, sendo ainda igual a receita aplicada ao Nacional da Madeira, mas para a Taça da Liga, permitindo somar por vitórias todas estas partidas, na matemática do Jornal Record 3×3 são 6 e não 9. Ou então desconfio que as vitórias do Benfica só valem 2 pontos. É só fazer as contas…

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Não é consumismo, é NATAL!

22/12/2009

Para os amantes de versões alternativas, aqui está a doce e supinamente arquitectada interpretação do tema, por David Fonseca.

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Pergunta de trivela

08/09/2009
Fotografia: Campo de Jogos do JDM. Enviada por: Paula Calapez
Fotografia: Campo de Jogos do JDM. Enviada por: Paula Calapez

Por alturas do Verão, desde 2006, que há uma história que se repete anualmente. Um Portugal – Inglaterra disputado em Monchique, num ambiente salutar em que hooligans e lacaios são coisa rara, tirando um ou outro sujeito embriagado que aproveita para verter águas nos sobreiros que circundam o campo de jogos do JDM.

O resultado é sempre o menos importante (quando Portugal perde) e os minutos que se empreendem a correr atrás da bola valem pelos litros de água que se podiam tirar de uma nora. E, em razão de um trauma de eliminações sucessivas através da transformação de grandes penalidades, o conjunto inglês insiste em sentenciar o resultado final através do referido expediente.

Assim, sendo o administrador do Terra Ruim um dos eleitos para representar Portugal nesta contenda e, conhecendo-se a distinção dos seus predicados com a bola nos pés, desafia-se os leitores a adivinhar os proventos do lance representado na fotografia:

1. O marcador do penalti tem a perna direita mais comprida que a outra e, no momento do remate, raspa ao de leve na bola, pelo que esta nem chega a fazer uma rotação de 180º sobre o seu eixo vertical;

2. No momento do remate o jogador macaqueia uma rasteira, engolfa-se e, uma vez que se encontra na área, há lugar à marcação de nova grande penalidade, convertida por outro jogador mais talentoso;

3. É altura de acordar e pensar que, tratando-se de um jogador em representação de uma selecção nacional de futebol, o que interessa é fazer boas fintas, passes magistrais e números circenses de embevecer a plateia. Rematar à baliza não faz parte da concepção de jogo no futebol português, pelo que o jogador se recusa a levar a cabo tamanha heresia a partir da marca dos 11 metros;

4. O marcador atira directamente para as mãos do guarda-redes e justifica a pexotice dizendo que se revê no método de marcar penaltis assumido por Óscar Cardozo;

5- É golo.

O primeiro leitor a adivinhar o desenlace do calçar deste coturno, receberá uma lembrança do blogue Terra Ruim em sua casa.