Que bom seria estar fora de tudo,
Poder olhar sem ninguém me ver!
Fazer do nada o triste conteúdo
Das poucas palavras que sei dizer.
Que alívio passar despercebido
Aos olhos do chão, do sol e da gente.
Caminhar discretamente,
Sem deixar nem rasto nem ruído,
Andar ao largo, distraído,
Sem entender o que aconteceu…
Todas as coisas moravam perto,
Tudo estava no lugar certo,
Menos eu…
Posts Tagged ‘Sol’
Morada
02/02/2013Estados de alma e a paisagem
16/10/2012Queria que eu mudasse de lentes , que transformasse prantos exasperados em bebedeiras alegres, que comparticipasse na exaltação da flor sedosa do cardo e não no gume afiado dos espinhos:
– Você escreva coisas mais animadas. Saia das trevas. Parece que está sempre a morrer afogado em aguaceiros de desespero!
E não viu as fresas de sol a rasgar um sulco dourado numas nuvens de tempestade e terra preta que planavam sobre as várzeas de São Marcos.
Boletim
09/09/2012Calor, céu limpo e Sol no boletim
E neste lugar o frenesim
Depois do ócio.
Há palavras de equinócio
Vestindo cores nos arvoredos.
Versos batidos a chuva, frio e vento,
Assobiando nos penedos
As dores do fingimento.
Heliotrópio
29/07/2012Ao acordar da manhã
É a aurora de um novo afã
Que se introduz
E se me escapa.
É não sei que buraco de luz
Que o sol não tapa.
Refugo
13/03/2012Vida levada do diabo, a minha. Aposto todas as economias humanas nela, perco sempre, e empenho-me mais ainda na tentativa desesperada de recuperar os pecúlios íntimos e saldar as contas penhoradas no destino. Pareço um daqueles frutos refugados no interior dos ramos desgrenhados das árvores, onde o sol só chega por favor ou por acaso. Inacessíveis, nunca amadurecem por completo. Quando o tempo necessário para ganharem doçura e cor se cumpre, já passaram da época.