Dei por eles como quem embica numa pedra saliente no chão tosco da calçada e, dadas as expectativas relativamente ao cartaz do Optimus Alive 2010, os portugueses The Kaviar foram a melhor das surpresas no desembrulhar do festival. Nada de nada me espantará quando músicas como a Big Jack ou Million Miles começarem a levedar rapidamente no ázimo panorama musical português.
No palco Optimus, os Gogol Bordello continuam com uma alegria epidémica. Ainda que Eugene Hutz não me tenha parecido muito em forma, mais comedido e disciplinado em palco, juntando ainda lamentáveis problemas de som no inicío do espectáculo, o punk cigano deixou-me, uma vez mais, bastante bem disposto.
E, porque em tudo o que diz respeito a amores se mete o ilusionismo inexorável das expectativas, devo ter sido o único, em 45 mil, que não se sentiu completamente arrebatado com Pearl Jam. Muito, muito bom, mas não o suficiente para considerar o concerto fenomenal, como esperava. Foram poucas, excessivamente poucas, as músicas de grande intensidade / velocidade tocadas e, depois de Eddie Vedder anunciar o interregno da banda, o concerto entrou-me pelos ouvidos como uma avalanche de pálida melancolia, não obstante a inexcedível entrega de Vedder e as pontuais malhas de Mike McGready. Sobram-me em demasia os tempos ensimesmados ao som das músicas chora-chora, lamentando as tesouradas depressivas semeadas nas paixões adolescentes de finais dos anos 90. Uma vez que já tinha tido a oportunidade de ouvir as melodias chora-chora em Setembro de 2006, esperava mais músicas que compõem o último trabalho, Backspacer, álbum que me enche as medidas no que toca ao equilíbrio entre introspecção e expansividade.
À interrupção por tempo indeterminado da actividade dos Pearl Jam, não será alheio o facto dos Soundgarden, banda da qual fez parte Matt Cameron, antes de se juntar aos Pearls, em 1997, ter voltado recentemente ao activo. A expectativa [boa] no meio disto tudo é abrir-se a possibilidade de ver Soundgarden ao vivo, a breve trecho.
P.S. Eddie Vedder e Eugene Hutz são uns senhores, mas desperdiçar tanto vinho de reserva em palco é quase heresia.