Um caudal canta atrás de nós.
Um rio persegue a foz
Na música calma da Lua.
Há nela qualquer coisa que flutua…
Um tom limpo no ar líquido da voz
Igual ao desatar de nós
Correndo no respirar da tua
Quando somos a natureza a sós
E molhas beijos no meu rosto.
Como se eu fosse calor de estio
E tu a sede deste rio
Beijando as serras em Agosto.
Posts Tagged ‘serras’
Eflúvio
12/03/2013Amanhece
06/09/2012A luz desce o céu, a flutuar.
Voa livre, em finos traços.
É a manhã a atravessar o ar
Por entre a névoa a espalhar
A quentura dos seus passos.
As serras, cheias dela
Nas dobras dos regaços,
Vêem-se através da janela
Entregando-se inteiras nos seus braços.
E quando o Sol finalmente vem,
Com quanta força e quanto alento,
O casario parece que tem
O brilho dos astros no firmamento.
Aceno
26/06/2012Olho os abismos de frente,
Dou o peito às violências do pudor.
E por muito soalheira e quente
Que seja essa vertente,
É de dentro que me vem todo o calor.
Faço das palavras serras concretas,
Arredondadas e escarpadas
Por sinuosas linhas retas
Nos olhos terrosos das enxadas
Às mãos polidas dos poetas.
Que se arrasem altares e paraísos
Nos planos juízos
Do dia a dia.
E responda eu com sorrisos
A qualquer vale fundo que me sorria,
Com uma sede de sorrisos
Que nenhum sorriso do mundo sacia.