Que desgraça seríamos nós sem as palavras. Mesmo aquelas que não passam de uma convencional transcrição gráfica das emoções e deixam perder uma grande parte da essência daquilo que sentimos. Todas elas têm implícitas as dimensões fundamentais de um volume, de um tamanho e de uma distância. Não são os objectos, os factos ou os sentimentos e não os substituem na linguagem dos sentidos, mas são aquilo que mais nos aproxima das coisas que nomeiam. Por exemplo: dizemos mar e mergulhamos; dizemos céu e voamos; dizemos terra e caminhamos. Falamos e construímos a largueza, a fundura e a altitude que trazemos explicitadas nas paisagens dos sonhos.
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O poder da palavra
14/07/2013Segredo
14/05/2012Palavras cessadas
17/02/2012Deitei fora todas as palavras.
Fugiram-me das mãos
Em gestos leves
Breves,
Vãos
Como ondas agressivas
De silêncio paciente.
Furtivas
À agressão
Vivem sós, na condenação
De morrer em câmara ardente.
Sem elas, virá a fome.
Da vida descarnada,
Sobrará apenas o caroço.
Agora, as palavras são terra que come
Na ânsia torturada
De chegar até ao osso.