Foi de caixão à cova. Dias seguidos numa luta surda, num corpo a corpo com uns versos, à espera de uma talisca por onde franquear tanto pudor. Simplesmente, como um mouro renegado, de sentinela frouxa à porta da traição, deixei correr novamente:
Em tudo o que escrevo
Há um saibo de amargura,
Um travo de desgosto.
Um pingo de tristeza destilada
Numa secura
De alma e de mosto.
Um pouco de angústia, um quê de tormento.
Um tudo já de nadas
E duas mãos apertadas:
Um sufoco de aniquilamento.
…
Serra!
E tudo o que escrevo se enterra
E contradiz.
Tudo em mim se abala e se recria
Numa silenciosa sinfonia
À terra e à raiz.