Posts Tagged ‘Mar’

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Mais mar

17/09/2013

Nova tarde enraizado em mar e em salsugem. Mergulhado num calor de braseiro e lassidão, deslembrado de tudo, a ir e a vir na cadência das ondas, nem sequer os versos, solidários com sensibilidade de todos os instintos solitários, me fazem falta. A consonância pacífica das marés é suficiente para que a música dos poemas se cumpra naturalmente.

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O mar

17/09/2013

O mar. Um Portugal com fronteiras de ócio fora do tempo e fora do espaço. O denominador comum de dez milhões de amarguras fraccionadas estendidas sob a sombra de horas indulgentes. O país inteiro como um taipal de pedra basculado a um Atlântico de futilidades, onde até eu, que as renuncio em absoluto, gosto, às vezes, de me inserir para poder sentir-me tão português, tão alodial e tão sonâmbulo como os outros. O mar. A razão contemplativa da nossa opulência histórica medida pelas incertezas desmesuradas de um futuro panorâmico que deixa de ser um suplício contrito de resignação para passar a ser um exercício infinito da imaginação.

Mar! Mar! Mar!
Nenhuma outra palavra me completa.
Nenhuma outra me faz navegar
Nos horizontes infinitos de poeta.

Mar! Mar! Mar!
E de repente, à tona da inspiração,
Vem uma maré cheia de temas.
E o vaivém das ondas é uma rebentação
Onde se ouve a frescura dos poemas.

Mar! Mar! Mar!
E o panorama de versos não cessa,
Até o sol cansado finalmente pousar
No fundo azul onde o lirismo recomeça.

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Mar

25/08/2013

O mar. Um Portugal com fronteiras de ócio fora do tempo e fora do espaço. O denominador comum de dez milhões de amarguras fraccionadas estendidas sob a sombra de horas indulgentes. O país inteiro como um taipal de pedra basculado a um Atlântico de futilidades, onde até eu, que as renuncio em absoluto, gosto, às vezes, de me inserir para poder sentir-me tão português, tão alodial e tão sonâmbulo como os outros. O mar. A razão contemplativa da nossa opulência histórica medida pelas incertezas desmesuradas de um futuro panorâmico que deixa de ser um suplício contrito de resignação para passar a ser um exercício infinito da imaginação.

Mar! Mar! Mar!
Nenhuma outra palavra me completa.
Nenhuma outra me faz navegar
Nos horizontes infinitos de poeta.

Mar! Mar! Mar!
E de repente, à tona da inspiração,
Vem uma maré cheia de temas.
E o vaivém das ondas é uma rebentação
Ressoando a frescura dos poemas.

Mar! Mar! Mar!
E o panorama de versos não cessa,
Até o sol cansado finalmente pousar
No fundo azul onde o lirismo recomeça.

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Mergulho

10/07/2013

Primeiro mergulho anual no mar português de Portugal. Anestesiado pela onda de calor e enrolado pelas outras, as de água e sal, saí daquela cebola líquida constituída por camadas infinitas de pureza e de vida como se tivesse sido submetido a um transplante. Um transplante de um órgão sensível capaz de continuar a pulsar lusitanidade até ao fim do tempo.

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Mar de levadia

15/01/2013

Não tenho paz e não a concedo a quem me rodeia. Embarquei a bater um mar de levadia e de inquietações onde nada está onde devia estar. Ou vou ao fundo, ou tenho a sorte de Álvares Cabral. A sorte de descobrir terra firme por acaso.

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Pergunta ao mar

18/11/2012

Aqui, entre mim e o mar,
Um búzio a ressoar
O abismo azul duma pergunta.
Sem ondas de calmaria,
Em que outro lago caberia
Tanta lágrima junta?
Nesta proa rochosa da costa
O silêncio mergulha fundo.
O horizonte traz a resposta
Tão triste como eu e como o Mundo.

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Calmaria

10/10/2012

Há nas ondas um silêncio de prata;
Nada perturba a sua imensidão.
Apenas a solidão de uma fragata
De que me fiz marujo capitão.
Peixe da terra e água doce,
Vou nas correntes como se fosse
Levado a navegar na calma
Dessa paz serena e natural.
Sabendo que há mais vida e há mais alma
Quanto mais bebo desse mar e desse sal.

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Saber viver

08/10/2012

Tem nos olhos uma luz lírica, indefinida. Às vezes, torneada por um azul cheio de céu e de mar, noutras, pela sombra verde e frondosa dos castanheiros que apenas se dão a certas altitudes. Cada palavra caída dos lábios é neve emotiva na alacridade dos sentidos e no chão fofo do entendimento. Tira-nos peso do peito. Manuseia com fina destreza todos os lumes da vida. Os mesmos que, na ânsia fascinada de os agarrar, me têm deixado bolhas opadas nas palmas das mãos.

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Pergunta

11/09/2012

Quem sabe o que há dentro das ondas?

Se no eco salgado dessas vagas

Há gritos de homens e o silêncio de fragas

Paradas em danças redondas?

 

Quem diz que os rios não escrevem nos pauis?

Que o mar visto assim ao natural,

Não é uma peça de enxoval

Feita de retalhos verdes e azuis?

 

Quem conhece os versos em profundidade?

Quem neles mergulha e perde o pé

Fazendo fé que a poesia é

Navegar sem sair do lugar no lago da eternidade?

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Meio quartilho de ondas

11/09/2012

Não tenho descanso. Esgoto-me nas sucessivas diatribes a que me submeto. A mim, e, pior ainda, também aos outros. Hoje, a sorte foi encarar de frente um mar em repouso, um prado azul serenado numa neutralidade sedativa onde deixei a boiar meio quartilho de pensamentos mortos e que agora são só espuma rasteira lambendo o areal da razão.