Deu gosto ver. E sentir. Cinco perfumados minutos, transido, a observar o trabalho metódico e dignificado de um enxame de abelhas em dois tufos acamados de alecrim, à hora em que o foguete do sol mora no zénite. Com o mesmo rigor da labuta apícola, examinei, rondei, contemplei, especulei e desejei caldear-me no zunzunar harmonioso e polinizado que me aferroava as vistas.
Mas, por muito que a cera das mantras budistas me ilumine toda a largueza do espírito, logo dei conta da impossibilidade de juntar-me à doce jorna: o meu enxame é humano, o meu cortiço é o Mundo, e o mel que tenho guardado nos favos da alma é amargo como o candeio dos medronheiros.