Posts Tagged ‘Vulcões’

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Erupção emotiva

13/11/2012

Explicava-lhe que não, que todas as hipóteses de existir um vulcão adormecido no cocuruto da Picota eram meras assombrações especulativas, apenas explicadas à luz das formulações teoréticas da imaginação, enquanto deixava uma réstia de positivismo lírico enfrentar a colina de soslaio, a desejar que aquela borbulha geológica rebentasse de uma vez por todas e trouxesse à tona uma nova rocha-mãe, natural, feminina, seca, disponível, de saias subidas, sem espartilhos a apertar-lhe a silhueta, onde pudesse afundar com maior firmeza as raízes da esperança.

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Destino

06/03/2012

Noite funda:

Calou-se tudo.

O vento, mudo,

Desarruma a vastidão

Da casa inteira.

Estou só.

Um frio de redenção

Apaga a ira do vulcão

Aprisionado na lareira.

E o fogo, lento e triste,

Apenas insiste

Em arder até à chama derradeira.

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O Eyjafjallajökull em fotos

20/04/2010

Imagens adicionais do acordar explosivo do vulcão sub-glaciar podem ser recolhidas no repositório do swisseduc.ch. O site do Nordic Volcanological Center  disponibiliza um assaz interessante relatório de monitorização da actividade do Eyjafjallajökull baseado em imagens de radar, obtidas entre os dias 15 e 19 de Abril de 2010.

Esta, da autoria do astrónomo italiano Marco Fulle, é a minha preferida:

E, porque o corifeu deste vosso blogue acredita que existe um encantamento partilhado com os leitores sobre tudo o que é manifestação de superioridade da dinâmica do Planeta, fica aqui um poderoso e quase inédito filme, à guisa de documentário, infelizmente sem a ilustrativa narração de Eduardo Rêgo, sobre os urros tonitruantes da erupção. [A gravação do filme foi conseguida pelo repórter islandês Ómar Ragnarsson e tem a data do dia de hoje, ao amanhecer.]

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O Eyjafjallajökull antes de acordar

16/04/2010

Imagem obtida no Global Volcanism Program

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O caçador de Vulcões: Eyjafjallajökull

15/04/2010

[ACTUALIZADO em 17-04-2010]

O nome do vulcão Eyjafjallajökull é tão difícil de pronunciar quão bonita é de se ver esta demonstração cacofónica da dinâmica interna do Planeta Terra que, passados cerca de 190 anos num azamboado adormecimento, decidiu acordar bocejando, cavernososamente, ao ritmo de duas erupções estremunhadas que lançaram o caos sobre o tráfego aéreo no Norte e Centro da Europa. Tudo isto num curto período de esfuziantes horas após a segunda erupção.

Sobre o Atlântico Norte, estendida em arco desde o Sudeste da Islândia até ao Norte e Centro da Europa, uma plumosa coluna de erupção, composta por cinza, vapor de água e aerossóis de origem vulcânica flutuando densamente na estratosfera, obrigou países como a Islândia, Reino Unido, França, Alemanha, Polónia e os escandinavos Suécia, Finlândia e Noruega, ao encerramento temporário de aeroportos, ou ao condicionamento e restrição do tráfego nos respectivos espaços aéreos. Nalguns casos, por tempo indeterminado.

A decisão teve como consequência a ruptura nas ligações aéreas dentro do continente europeu, e deste com os restantes quatro. Na sua origem está o elevado conteúdo em cinza, sílica e pequenos fragmentos de rocha provenientes da mais recente erupção do vulcão islandês que, para além de reduzirem a visibilidade, representam uma ameaça séria à integridade mecânica de motores e estrutura eléctrica das aeronaves. 

Imagem: Earth Observatory NASA.

A imagem acima (ver com maior resolução e pormenor aqui e aqui), capturada hoje pelo sensor MODIS a bordo do satélite Terra, em órbita na missão de monitorizar dinâmicas e processos deste género em todo o Globo, permite individualizar uma faixa de tonalidade bronzeada, bem contrastada entre os núcleos nebulosos envolventes, reveladora do elevado conteúdo em cinza. 

O Eyjafjallajökull (também conhecido como Eyjafjöll) é um estratovulcão, ou seja, um vulcão em forma de cone, resultante da disposição em camadas de materiais como cinza, lava, materiais piroclásticos e fragmentos rochosos decorrentes de erupções sucessivas.  Alcandorada a cerca de 1 666 metros de altitude, a lava expelida pela erupção do Eyjafjallajökull fundiu o manto aureolar de neve e gelo glaciares sobre o vulcão (mapa em baixo, com maior resolução aqui), acelerando a actividade explosiva do vulcão e, consequentemente, a evaporação e condensação de vapor de água que se junta aos restantes componentes sólidos e gasosos tradicionalmente expelidos pelas plumas vulcânicas e que agora se vêem empurrados pela circulação de Oeste.

A escorrência resultante do degelo abrupto do glaciar,   maioritariamente concentrada na vertente Norte do vulcão, fez levantar um alerta de risco de  foi responsável por inundações rápidas em pequenas localidades a jusante, obrigando as autoridades islandesas à evacuação de populações cerca de 800 pessoas.

Adenda:

A dispersão da nuvem de cinza vulcânica pela atmosfera pode ser acompanhada, em tempo quase real, nas imagens de satélite e animações dinâmicas disponíveis aqui, aqui e aqui.  Existe ainda a possibilidade de assistir à evolução da erupção através de imagens capturadas por webcams instaladas nas imediações do vulcão.

Mapa do vulcão Eyjafjallajökull. Roubada no Institute of Earth Sciences.

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O caçador de vulcões

08/07/2009

O Monte Sarychev, situado a Noroeste da ilha Matua, no arquipélago de Kuril, Rússia, reserva um dos maiores tesouros telúricos do Globo. O Vulcão Sarychev, entrou em erupção e, no passado dia 12 de Junho, os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) captaram uma extraordinária sequência de imagens do fenómeno, a cerca de 354 Km de altura. 

Vulcão Sarychev em erupção. Imagem: Observatório da Terra - NASA. Clique em cima para ver como deve ser.
Vulcão Sarychev em erupção. Imagem: Observatório da Terra – NASA. Clique em cima para ver como deve ser.

A explosiva coluna de erupção (a castanho) provoca uma onda de choque nas bordas das nuvens, situadas na baixa estratosfera, causada pelos movimentos de ar em torno da coluna, e eleva-se numa extensão considerável de Km, empurrando e envolvendo, como um casulo, o pileu (nuvem em formato de bolha, a branco) entretanto formado precisamente pela rápida elevação da coluna de fumaça decorrente da erupção vulcânica. 

À superfície é possível observar três fluxos de correntes piroclásticas  fluindo violentamente pelas vertentes do cone do vulcão. Embora os comentários deste vídeo de visualização obrigatória refiram estas torrentes como sendo lahars, a mim parecem-me mais correntes piroclásticas.