Posts Tagged ‘Ambiente’

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«How Markets Corrupt Children, Infantilize Adults, and Swallow Citizens Whole»

17/03/2010

Imagem: Capa da Revista Visão em 15-04-1975. Roubada aos Ladrões de Bicicletas

«Under capitalism people are at the service of the economy and are viewed as needing to consume more and more to keep the economy functioning.

[…] The attitudes and mores needed for the smooth functioning of such a system, as well as for people to thrive as members of society—greed, individualism, competitiveness, exploitation of others, and “consumerism” (the drive to purchase more and more stuff, unrelated to needs and even to happiness)—are inculcated into people by schools, the media, and the workplace. […] The notion of responsibility to others and to community, which is the foundation of ethics, erodes under such a system.»

What Every Environmentalist Needs to Know About Capitalism. In Monthly Review.

O título da posta foi retirado do livro de Benjamin Barber.

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Confusion is a fundamental state of mind

25/11/2009

Imagem: ionline

Quem conhece, verdadeiramente, o fenómeno da Desertificação deve começar a convencer-se que anda a pregar às pedras. As áreas desertificadas não precisam de médicos, nem de diagnoses hipocráticas, precisam sim de políticas de uso adequado do solo e gestão sustentável dos recursos naturais. Tudo o resto são os enleios do costume a reduzirem o fenómeno a uma questíuncula.

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Modelado Cársico

31/10/2009
Coluna_calcario

Fotografia: Grutas de Mira d'Aire

Interessante e dado à fruição das papilas imaginativas, o trabalho vagaroso da água, saturada em bicarbonato de cálcio, erigindo estalagmites revestidas de cristais de calcite, dando corpo a formas vívidas seculares que, por vezes, mais parecem não sei o quê…

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Eiras de Castelões ou a vida no campo

07/08/2009

«I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived.» Henry David Thoureau – Walden, 1884.

Foi uma jornada de 4 dias, com o meu companheirão Rui Barros e o pai, o Maestro António Alves, suando as estopinhas, às topadas com touças de carqueja e urze, arranhados pelo tojo e pelas silvas, embrenhados nos pinhais salpicados por birrentos carvalhos alvarinhos indiferentes à colonização das pinhas e às baforadas da essência de eucalipto. Lá em cima o Caramulo, um altar de chão insuflado rasgando os céus, atapetado por contrastantes pigmentos clorofilinos, sulcado por frescas ribeiras de água infinita e transparente onde pude, pela primeira vez, ver lontras em liberdade.

Aqui e acolá penedos abaulados, alminhas e casas de uma áspera pedra de granito desgastada às sucessões do sincelo e do orvalho. De manhã, à saída para o campo, quatro agoirentas gralhas planavam os céus dando os bons dias à comitiva.

Novo, para mim, foi arrebatar-me por brenhas, matos, calhaus e costumes desconhecidos. É claro que já sabia os meandros de uma vida prática e simples, feita de punhados de nada que sabem a muito, pelos tempos passados na casa da minha avó, hoje majestosamente transformada numa galeria de arte perdida na Serra de Monchique.

O levantamento com recurso ao receptor GPS também não foi o primeiro. Nem o último, certamente. A máquina funcionou na perfeição e não haverá courela ou quinhão de terra por desvendar no registo fundiário da família Barros.

São dias que sabem bem embora o Mundo não pare. E o mal que me faz voltar a casa e aperceber-me disso uns minutos depois…

Fotografia: Serra do Caramulo

Fotografias: Serra do Caramulo

 

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O Pai Natal e os embustes científicos

30/06/2009

Paul Broun, congressista republicano dos EUA, teceu, na passada sexta-feira, afirmações de encantar, pelo menos a todos quantos acreditam no Pai Natal. Paul Krugman, relata as caricatas considerações da seguinte forma: 

«Indeed, if there was a defining moment in Friday’s debate, it was the declaration by Representative Paul Broun of Georgia that climate change is nothing but a “hoax” that has been “perpetrated out of the scientific community.” I’d call this a crazy conspiracy theory, but doing so would actually be unfair to crazy conspiracy theorists. After all, to believe that global warming is a hoax you have to believe in a vast cabal consisting of thousands of scientists — a cabal so powerful that it has managed to create false records on everything from global temperatures to Arctic sea ice».

Incrível como ainda há tropelias autistas semelhantes às de quem ainda acredita no Pai Natal. Diria que o “embuste” perpetrado pela comunidade científica está de tal forma bem engendrado que até a NASA foi metida ao barulho, com estudos tão mentirosos quanto meticulosos. Assim, os videos demonstrando as alterações médias de temperatura à superfície do planeta, nos últimos 100 anos, não são mais que desenhos animados do mais puro entretenimento científico.

Na mesma medida, este mapa com a evolução média da temperatura no Mundo, será, para o congressista Broun, uma bela pintura de Renoir, bem ao estilo rococó. 

Alteração média da temperatura à superfície da Terra, 1951 - 2008

Alteração média da temperatura à superfície da Terra, 1951 - 2008

O gráfico em baixo, talvez seja proveniente dos resultados de um electrocardiograma realizado a alguém com as faculdades de raciocínio intactas, depois de ler ou ouvir a obtusa teoria da conspiração ventilada por Paul Broun, e não as oscilções médias de temperatura às várias latitudes do Globo.

Variação média de temperaturas por zona / latitude

Variação média de temperaturas por zona / latitude

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O Nobilíssimo Mestre

23/06/2009

Silêncio que vai falar o Prémio Nobel:

«The point is that we need to be clear about who are the realists and who are the fantasists here. The realists are actually the climate activists, who understand that if you give people in a market economy the right incentives they will make big changes in their energy use and environmental impact. The fantasists are the burn-baby-burn crowd who hate the idea of using government for good, and therefore insist that doing the right thing is economically impossible.»

Surripiado a Paul Krugman.

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Desertificação e Despovoamento

17/06/2009

No dia Mundial de Luta contra a Desertificação cumpre-me, sem grandes delongas, fazer apenas este apontamento:

Senhores jornalistas, senhores políticos:

Desertificação e Despovoamento, não são nem sinónimos, nem uma e a mesma coisa. São dois fenómenos de natureza física e humana, que se inter-relacionam, nas causas, nas medidas de combate e nas consequências. No entanto, Desertificação é um fenómeno composto por processos de muito maior complexidade e abrangência que o Despovoamento, fenómeno, ainda assim, não menos preocupante.

A degradação dos recursos solo, água e, consequentemente,  da biodiversidade, podem contribuir para o êxodo das populações nos territórios afectados, assim como o abandono populacional das áreas rurais, dadas as mutações abruptas no uso / ocupação do solo e na gestão dos recursos naturais, pode significar maior vulnerabilidade do território à erosão, à seca e aos incêndios florestais.

Apesar da relação evidente, continuam a não ser conceitos semelhantes. Baixar as taxas de IRS e IMI não trava a delapidação do potencial produtivo do solo e a escassez de recursos hídricos. É imperioso ir mais além no combate à Desertificação. E, só com a presença humana nos territórios rurais, guerreando o Despovoamento, será possível alcançar a correcta gestão dos recursos solo e água.

Esta discussão conceptual parece uma preciosidade? Parece. Mas não são os recursos naturais preciosos ao tão famigerado Desenvolvimento Sustentável?

Surripiado no PANCD (Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação - PANCD)

Mapa surripiado no PANCD (Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação - PANCD)

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Sanitão… e os 4 R’s: Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Rebentar

27/04/2009

(Este post surge com alguns dias de atraso, uma vez que se adequa perfeitamente ao Dia da Terra, assinalado no passado dia 22 de Abril.)

As campanhas de sensibilização ambiental têm sido uma das mais importantes ferramentas ao serviço do paradigma do Desenvolvimento Sustentável, tendo para o efeito,  sido adoptados verdadeiros chavões, com o objectivo de alterar comportamentos consumistas e sobremaneira entrópicos.

Na minha rua, por exemplo, está-se na vanguarda da política dos 4 R’s e hoje, quase toda a gente tem já entranhado no ADN ambiental a necessidade de:

1 – Reduzir;

2 – Reutilizar;

3 – Reciclar;

4 – Rebentar com tudo o que é sanita e autoclismo. Agora, junto ao contentor do  lixo,  a vizinhança dispõe de um Sanitão.

O Sanitão é um espaço dedicado a acolher autoclismos e sanitas velhas, demasiado frágeis ao excessivo peso dos utilizadores, ou rachadas por uma diarreia explosiva, ou ainda arrancadas por um súbito e fulminante enjoo, mal-estar ou ressaca, que nos levam a agarrar a este útil artefacto  enquanto auxílio ao esforço de arremesso bocal de conteúdos gástricos, que se distinguem pela frequente tonalidade amarelo-esverdeada.

Depois do vidrão, do papelão, do pilhão e de outros utensílios sabiamente concebidos para a reciclagem de resíduos domésticos acabados no ditongo “ão“, o Sanitão é também uma realidade, permitindo que um artefacto normalmente destinado à higiene doméstica e ao escoamento de restos de sopa azeda, seja agora, enquanto conjunto, um exemplo emblemático da luta pela qualidade ambiental e promoção da saúde pública na minha rua.

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